Onde há fumaça, não há fogo! A Coréia do Norte e a nova estratégia estadunidense.

Por Samuel de Jesus

As recentes ameaças de ataque da Coréia do Norte merecem uma atenção maior, pois os Estados Unidos, desde janeiro de 2012, elegeu a bacia do Pacífico como a principal frente estratégica de conflito para o século XXI. Essa definição coloca a China como um alvo prioritário. Um provável ataque da Coréia do Norte, tanto na fronteira com a Coréia do Sul, quanto em alvos escolhidos no Ocidente, poderá oferecer um argumento para que os Estados Unidos intervenham na região. É muito pouco provável que seja uma intervenção militar, mas diplomática. Esse acontecimento seria o primeiro capítulo dessa nova estratégia estadunidense para a bacia do Pacífico. A China apoiadora da Coréia no Norte, certamente não observaria passivamente os Estados Unidos interferirem em sua área de influência geopolítica. Apesar dos pesares, a hipótese de uma guerra é pouco provável, pois em primeiro lugar, o grande credor dos Estados Unidos é a China, além de grande consumidora dos produtos Estadunidenses. Sobretudo para superar a crise, os Estados Unidos precisam da China. Entrar em um conflito militar direto com a China seria como dar um tiro no próprio pé. Em segundo lugar, o Governo Obama não pagará o preço de um desgaste político, a exemplo de George Bush, o filho. É preciso sempre considerar os grandes teóricos da guerra como Sun Tzu para compreendermos que a guerra não é decidida em tempos de guerra, mas em tempos de paz, pela estratégia. A guerra seria o ponto extremo das relações políticas entre os países. Aconselha, Sun Tzu, que um país somente deveria ir para a guerra quando já contaria com uma superioridade militar esmagadora e uma condição política favorável. É necessário que o espectador saiba que algumas coisas estão sendo decididas. Em tempos de paz, a guerra ganha o nome de diplomacia ou estratégia e não seria absurdo se sugeríssemos que as ameaças da Coréia do Norte tem mais a ver com questões de ordem interna que externas. Seria uma política de auto-afirmação do jovem líder que assumiu o poder há um ano. George Orwell escreveu em sua obra 1984 que Oceania vivia em constante guerra. Essa guerra constante gerava instabilidade e medo na população, assim o partido se colocava como a única via para garantir aos cidadãos de Oceania a segurança necessária, essa era a fonte de seu poder, o medo inesgotável de um ataque que destruiria o país. A realidade poderá se parecer muito com o caso da Coréia do Norte na atualidade, esperemos e veremos.

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