PRESTES REPARADO!

                                                                                      Por Samuel de Jesus.

Em uma votação simbólica, o Senado Federal anulou dia 16/04/2013 a decisão tomada há 65 anos de extinguir o mandato do senador Luís Carlos Prestes. Em 1948 o Partido Comunista do Brasil, partido de Prestes, foi extinto, em decorrência disto perdeu também seu mandato conquistado nas urnas. Tratou-se de uma sabotagem do Governo Dutra ao se alinhar aos Estados Unidos no início da Guerra Fria (1947-1991). Trata-se de uma reparação histórica, pois Luis Carlos Prestes é um herói brasileiro não oficial. Certamente foi um dos únicos que pautou sua vida política pela luta contra o sistema capitalista. A Coluna Prestes percorreu milhares de quilômetros por todo o Brasil, foi a maior coluna militar do mundo. Seu objetivo era conscientizar o povo contra o governo oligárquico que era a causa da miséria e exploração dos brasileiros. Em 1930 não aderiu à Revolução de 30 como a maioria de seus companheiros de coluna. Quando a Revolução de 30 se sagrou vitoriosa foi para o auto-exílio em Moscou. Nos anos que esteve na União Soviética se preparou para o início do que seria a Revolução Brasileira que ao final e ao cabo não passou de uma intentona (Intentona Comunista de 1935). Esteve protegido por sua segurança Olga Benário que acabou se tornando sua companheira. A extradição e morte de Olga nos campos de concentração e o seu surpreendente apoio a manutenção de Getúlio Vargas no poder em 1945 (responsável pela deportação de Olga) no inusitado Queremismo (queremos Getúlio!). Em 1946 é eleito senador juntamente com uma bancada de membros do partido comunista, dentre eles Jorge Amado e Carlos Marighela. Cassados em 1948 voltam a ilegalidade e consequentemente a clandestinidade. Passou parte de sua vida política clandestino, durante o período da Ditadura Militar voltou a Moscou para um novo exílio, voltando somente após a decretação da Lei de Anistia. Em 1983 apoiou publicamente ao Movimento Diretas Já, faleceu em 1990. Trata-se de um reconhecimento histórico muito importante, pois começamos a dar o reconhecimento institucional a figura histórica da máxima importância. Essa anulação é um reconhecimento institucional de algo que a História do Brasil já tinha reconhecido. É bom saber que o Senado Brasileiro tomou uma atitude reparadora que vai de encontro com o que se ensinam nas escolas. É necessário que a Câmara dos Deputados tome a mesma atitude em relação a Jorge Amado, Carlos Marighela e todos seus companheiros que tiveram seus direitos políticos golpeados em pleno estado democrático.

Por Samuel de Jesus

18/04/2013