A Geopolítica das Malvinas: desafios da projeção continental brasileira.
(Por Samuel de Jesus)
O referendo entre os cidadãos britânicos nas Ilhas Falklands (Malvinas para os Sul Americanos) terminou evidentemente com a vitória da tese de permanência dos cidadãos britânicos nas Ilhas. Em 1982 a Guerra das Malvinas foi utilizada como uma patriotada militar que ao invés de fortalecer a Ditadura Militar Argentina levou-a a derrocada final. Depois de 30 anos as Malvinas ainda despertam arroubos nacionalistas em uma presidente que precisa se fortalecer politicamente. Para os britânicos as Malvinas são estratégicas. Trata-se de possuir uma base com suporte demográfico e militar para assegurar sua presença na América do Sul, mas não somente isso. As projeções futuras colocam a escassez de água doce como um dos grandes problemas do século XXI, inclusive a possibilidade do surgimento das guerras não mais por petróleo, mas por água. Estar nas Malvinas é importante para a Inglaterra, pois daria a ela acesso a um gigantesco reservatório de água água doce que embora congelada seria chave para o equilíbrio de poder no planeta, ainda que as geleiras polares estejam em franco derretimento (seja pela tese do aquecimento global ou por tratar-se de um ciclo da vida do planeta onde a tendência natural é o aquecimento do planeta), sem contar que essa região de dimensões continentais possui recursos naturais até agora não tocados, mas que futuramente, em um momento de escassez, poderia ser uma alternativa global. Desse ponto de vista é preciso entender que as Malvinas funcionam como um tipo de satélite britânico na América do Sul. Se considerarmos ainda que os Estados Unidos tem bases militares em quase todos os países da América do Sul, as Malvinas teria uma função semelhante aos das bases estadunidenses ou seja oferecer suporte militar tático e estratégico em um possível conflito que envolvesse a Grã-Bretanha no hemisfério sul, mesmo que seja no "fim do mundo". O programa de desenvolvimento do submarino nuclear argentino revela os objetivos sub-hegemônicos da Argentina na América do Sul. A argentina também representa um obstáculo à ambição brasileira de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Na questão das Malvinas, o Brasil, segundo o Tratado Interamericano de Assistência Reciproca - TIAR, deveria estar ao lado dos Argentinos, ainda mais se considerarmos a União das Nações Sul-Americanas - UNASUL onde o Brasil assinou a criação do Conselho de Segurança da UNASUL em que se compromete a assumir uma postura militar conjunta com os países sul-americanos na área da defesa. Uma possível neutralidade do Brasil significa fazer vistas grossas e indiretamente apoiar a manutenção dos interesses britânicos na América do Sul em detrimento dos interesses dos países pertencentes a UNASUL. Uma alternativa como a soberania compartilhada não será uma saída possível, pois os interesse britânicos são unos e indivisíveis para eles. A soberania compartilhada representaria uma vitória diplomática argentina, pois o empate fortaleceria a posição argentina. Ainda que parcial, a sua reivindicação seria reconhecida como legitima. O Brasil deve assumir uma postura pró-Argentina, pois a aliança com a Argentina é fundamental à projeção continental brasileira, não somente pelo fato da Argentina ser um obstáculo em relação ao lugar que o Brasil quer ocupar no Conselho de Segurança da ONU ou porque as Malvinas representariam um fortalecimento geopolítico do Brasil no Programa Antártico Brasileiro, mas porque é fundamental para a liderança brasileira estar ao lado da Argentina, pois não se deixa os vizinhos sozinhos quando precisam de nosso apoio.
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