A #Reforma Política: o poder econômico e as eleições.

 Escrito por Samuel de Jesus em 02/06/2013
           
O professor ao falar sobre a sociedade de ordens medieval desenhou na lousa uma pirâmide e a dividiu em três partes, explicou que no cume da pirâmide estaria o grupo social mais poderoso ou seja, os membros do alto clero da igreja católica, no meio estaria a nobreza, segundo grupo mais poderoso e na base sustentando as demais, mas sem nenhum poder estavam os trabalhadores do campo (servos) de da cidade (mestres e artesãos). Intuitivamente, o professor improvisou e desenhou outra pirâmide, mas agora dos grupos sociais do Brasil na atualidade e explicou que no cume também estaria o grupo social mais poderoso, assim como tinha feito antes com a Idade Média. Ao iniciar a divisão da pirâmide surgiu um questionamento: qual grupo social estaria cume da pirâmide brasileira? O professor não demorou para concluir que eram os mais ricos ou bilionários, pois eram eles que financiavam a classe dos políticos.
           A reforma política no Brasil poderia fazer um grande bem ao país se aprovasse o financiamento público de campanha, pois a origem da corrupção na política é o financiamento privado de campanha. O financiamento publico de campanha autonomizaria a esfera política, pois acabaria com a dependência dos políticos em relação a doações milionárias que sempre resultam em caixa dois. A contrapartida seria a inserção dessas empresas através de licitação legal ou ilegal. Nos tempos do Brasil Reino Unido somente os que beijavam a mão do Príncipe Regente Dom João ganharia algum tipo de concessão real. Hoje no Brasil essa prática continua firme e forte. Somente os amigos do "rei" conseguem algum tipo de concessão pública. A política como é sabido se tornou um meio de vida. 
         O financiamento público de campanhas daria condições igualitárias entre os candidatos, certamente, não prevalecendo o poder econômico nas campanhas, existiria um espaço maior a idéias e não ao capital. Isso representaria o fim dos partidos de aluguel que vendem sua legenda a pretensos candidatos ou seu apoio a outros partidos. Acabaria também com a lavagem de dinheiro através das campanhas e proveniente do contrabando de armas ou tráfico de drogas, pois as campanhas políticas é uma das melhores formas de lavagem de dinheiro. Os mensaleiros se utilizam do argumento de que o dinheiro era para financiar as campanhas e não comprar o apoio partidário no Congresso Nacional. 
          E pouco provável que seja aprovado a reforma política, embora fosse um passo muito importante para o combate a corrupção em todas as esferas. O cidadão questionaria: mas dinheiro público para financiar campanha de políticos? A resposta é sim. O custo benefício público seria muito expressivo, pois se considerarmos o quanto de dinheiro escapa pelo ralo da corrupção e a economia que a redução da corrupção geraria, poderíamos calcular e certamente chegaríamos a conclusão que daria para pagar as campanhas políticas e ainda sobraria para investimento público. Sem contar que teríamos campanhas políticas mais limpas e políticos também. Qualquer candidato que não usasse apenas o dinheiro público nas campanhas seria passível de denúncia e se provado perderia o mandato, afinal seus gastos deveriam estar compatíveis com a verba pública destinada à sua campanha.
          Diferentemente de exigir apenas a punição dos 18 do mensalão deveríamos estar debatendo o financiamento público de campanha, sobretudo meios de autonomizar a política em relação ao poder econômico. Tocou-se apenas na tecla da punição exemplar e a defenestração publica do PT, mas a discussão sobre a reforma política não é certamente do interesse da grande mídia e seja quais forem os motivos, o fato concreto é que foi muito pouco mencionada nos últimos dez anos, seja nos tempos da CPI ou na época de julgamento do mensalão. A certeza é de que pouco mudará, pois até mesmo os setores considerados democráticos pouco defendem a reforma política e estão alienados a exigir penas mais duras e não vão até a origem do problema ou seja o poder econômico a financiar a classe política.
         

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