Tempos Difíceis!
Por Samuel de Jesus
Escrito no primeiro semestre de 2007
O mundo parece que se recrudesceu nos anos 2000, em um movimento conservador, frustrando as esperanças de tempos de paz e conciliação. Era pra ser o início do fim da Era Atômica, mas não o foi, pois a periferia também passou a ter a sua bomba. A Rússia continuou a alimentar seu arsenal nuclear como um trunfo nas relações exteriores e internamente manteve-se um monólito político continuando a reprimir com violência toda e qualquer oposição.
Vimos o ódio racial explodindo na cidade perdida. No oriente a democracia foi imposta com mísseis, tal como o cristianismo foi imposto pelos espanhóis aos astecas no século XVI pela espada, uma nova Cruzada e a conseqüência transfigurado em mais destruição, horror e sangue, assim como vimos no, inacreditável, 11 de setembro de 2001. A democracia se transformou em um instrumento de conversão do Oriente em um apêndice do Ocidente.
Novos muros foram construídos para separar os povos, em sinal de intolerância e beligerância, cidades cada vez mais partidas. Foi revelada ao mundo a extrema miséria cuja cena marcante é de um carcará esperando a criança morrer de fome para que ela se transforme em seu alimento. O mundo se uniu contra o aquecimento global, menos os Estados Unidos. Um novo Papa foi escolhido para manter velhos dogmas que já não correspondem à realidade do mundo.
Vírus globais que se espalham rapidamente num mundo em que a circularidade de pessoas assume ritmos frenéticos, meninos armados disparam contra todos os seus adversários, ninguém sabe quem é o inimigo e de onde ele vem. Tempos de medo em que a vida é tão desprezada.
No Brasil, a desesperança se criou através do lema da esperança, do sonho de um governo popular e ético que transformasse profundamente a sociedade brasileira. A Reforma Agrária não foi feita, nem tão pouco a distribuição de renda e muito menos a redução da carga tributária e quanto à ética vimos surgir uma nova elite, diferente das demais elites, essa nova oriunda do movimento sindical que alcançou a prosperidade ao se tornar governo. As estruturas não foram alteradas e o governo governou dentro da ordem e uma geração inteira frustrada. Representamos uma geração cujos sonhos foram estilhaçados por seus próprios companheiros e reunir os cacos leva tempo e a fé foi abalada, esses tempos difíceis onde tudo se esfacela com uma velocidade assustadora, tempo em que os velhos medos ressurgem, dogmas são mantidos, descrença, fome e pragas, um temeroso inverno da humanidade e a primavera, virá?
Comentários
Postar um comentário