Pelo fim da Lei de Anístia
Por Samuel de Jesus
A lei de anistia é parte de um acordão que visa livrar do expurgo golpistas e contra-golpistas. Parte componente de uma saída negociada com grande controle das elites. Aliás, mesmo os mais revolucionários, direta ou indiretamente, consentiram com as elites. Isto impossibilitou que a justiça fosse feita nas décadas posteriores, os contra-golpistas foram colocados no mesmo patamar que os golpistas e pior, esses colaboraram indiretamente para que prevalecesse a tese dos golpistas de que se tratava de uma "guerra interna". Consequência: arquivos guardados a sete chaves, liberados de acordo com as conveniências da caserna, militares subordinados à constituição (e não ao governo), torturadores e assassinos habitando normalmente o mundo da política, mortos pelo regime sem justiça e insepultos, desaparecidos, famílias sem o direito de velar seus entes, clamando por seus corpos e muitos cidadãos afirmando que "na época da ditadura era melhor".
Novamente não fizemos o que deveria ser feito, padecemos pela inação, evitamos o conflito. O Brasil torna-se um país mal resolvido, os reflexos disso estão na ausência de um projeto definitivo para o país, no desconhecimento da prática democrática por sua população, um nacionalismo da boca para fora, sem uma ação decisiva. 1985 deveria ter sido o momento de uma grande virada. O acordão que resultou na Lei de Anistia impediu um avanço ainda maior na democracia no Brasil. O Brasil não se tornou uma democracia De fato. A democracia brasileira se parece com a personagem Dorian Grey que não podia se olhar no espelho, pois se o fizesse veria seu rosto deformado, em decomposição. O espelho revelava o que era por dentro . Os arquivos secretos da época da Ditadura são o espelho de Dorian Grey.
Só tenho a dizer, ótimo artigo Samuel, pena que muitas pessoas prefere ler fofocas em Orkut e outros do genero do que ler artigos inteligentes como este que você escreveu aqui. Trocando por miúdos, aos olhos da justiça todos somos cordeiros. Já que ela é sega!.
ResponderExcluirUm abraço.
Altemar PEreira