Obama, um insider.

Por Samuel de Jesus
Escrito no primeiro semestre de 2009

Um presidente negro não faria diferença se não reconduzisse as ações do estado norte americano ao ponto de inserir socialmente uma camada à margem do sonho americano. Poderia perfeitamente representar a manutenção do status quo. Algumas análises mais pragmáticas faziam lembrar que Sr. Barack era um insider, pois se formou em Harvard e se elegeu senador, muito embora seja alguém que se fez sozinho e não tenha origens na aristocracia. E quem estava com Obama? Uma classe política branca pertencente à Era Clinton.

Durante a campanha surfou na insatisfação dos norte-americanos com os rumos tomados pelo governo Bush (2001-2009). Catalisou o voto daqueles ansiosos por uma visão mais expansiva do mundo e seus problemas. Era o candidato que melhor incorporou o discurso da mudança. Agora é preciso considerar que ganhar é uma coisa, governar outra. Os primeiros passos do presidente ainda eleito mostram uma continuidade da postura adotada na administração Clinton (1993-2000) no que se refere à política externa, confirmada pelos analistas após o anúncio, para o cargo de secretaria de Estado, da ex-primeira dama e senadora Hillary Clinton, assim como a manutenção do secretario Gates na pasta da Defesa.

Ao que parece a decisão da retirada das tropas norte-americanas no Iraque já estava tomada, antes mesmo da eleição do novo presidente. Quanto à América Latina observaremos se prevalecerão as promessas do vice-presidente eleito John Biden (ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado estadunidense) de reduzir os recursos ao Plano Colômbia, mas na verdade não sabemos se isso é bom ou ruim, pois o fato em sí poderia representar a perda de importância da América do Sul na política externa norte-americana ou indicar um alto grau de controle da política externa estadunidense sobre nosso continente ou ainda reflexos da crise que já não permite aos Estados Unidos promover a intervenção em todos os cantos do globo. No cenário internacional esperamos a configuração de uma nova ordem política internacional calcada na multipolaridade cujas decisões sejam compartilhadas, fruto de um consenso entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. No geral, esperamos que sua administração, não torne o mais do mesmo, embora a escolha de sua equipe nos deixe a forte impressão de que não existe nada de novo no horizonte e que é apenas uma questão de alternância de poderes cujas estruturas já estão lançadas. Será mais uma oportunidade perdida.

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