O hoje e os outros muros
Por Samuel de Jesus
Escrito no segundo semestre de 2009.
Escrito no segundo semestre de 2009.
Há poucas semanas comemorava-se a queda do muro de Berlim, mas é preciso refletir sobre os muros de hoje. Por exemplo, o grande muro que separa os israelenses dos palestinos, aproximadamente 800 quilômetros de extensão. Há os muros que separam o os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. Vejam por exemplo a fronteira entre México e Estados Unidos e tudo que envolve essa questão. Assemelha-se às “invasões bárbaras” dos povos da Europa do norte que adentravam o império romano, uma vez sob as ordens do Império mantinham sua cultura e este foi um dos fatores da queda do Império Romano do Ocidente. No caso norte-americano os povos latinos estão mudando a face da democracia americana, foram decisivos na eleição do presidente Barack Obama. Ilegais fazem trabalhos de todo tipo, principalmente aqueles que ninguém mais quer fazer, lavadores de prato, garçons, dentre tantas outras funções.
No Brasil é preciso mencionar recentemente o muro construído para separar a favela e a zona sul, mas não era preciso materializar essa separação, pois já é secular no rio a realidade da cidade partida, vide a Revolta da Vacina em 1808. O estabelecimento de um padrão sanitário por Oswaldo Cruz que compreendia a vacinação em massa gerou uma revolta generalizada, uma guerra urbana e não foi só isso, pois a reforma da Avenida Central por Pereira Passos, dentro da reforma urbana desalojou as pessoas que viviam nos cortiços, aumentando o numero de favelas nos morros, pois foi o único lugar que sobrou no rio para os pobres; os morros e as encostas. O morro é traço urbano marcante dessa contradição social que faz com que entendamos o Rio de Janeiro como uma cidade partida, tal como escreveu Zuenir Ventura.
Os muros estão aí, mais presentes do que nunca. Eles podem estar e certamente estão nas relações familiares ou sociais, na ausência do diálogo que torna impossível muitas vezes o consenso, está na indiferença humana com relação ao outro ou no Ensaio sobre a cegueira de Saramago onde as pessoas só voltaram a enxergar quando as pessoas se uniram para encontrar uma solução para toda aquela opressão que estavam vivendo. Definitivamente os muros que tomaram conta da arquitetura urbana é o indicio de nossa desconfiança, insegurança, medo. Hoje não basta apenas o muro, mas o arame farpado, a cerca elétrica, os pregos ou os cacos de vidro. De fato, ninguém é capaz de conceber a construção de uma casa sem os muros. Esse é um dado assombroso da ausência de liberdade de uma sociedade que se considera democrática.
No Brasil é preciso mencionar recentemente o muro construído para separar a favela e a zona sul, mas não era preciso materializar essa separação, pois já é secular no rio a realidade da cidade partida, vide a Revolta da Vacina em 1808. O estabelecimento de um padrão sanitário por Oswaldo Cruz que compreendia a vacinação em massa gerou uma revolta generalizada, uma guerra urbana e não foi só isso, pois a reforma da Avenida Central por Pereira Passos, dentro da reforma urbana desalojou as pessoas que viviam nos cortiços, aumentando o numero de favelas nos morros, pois foi o único lugar que sobrou no rio para os pobres; os morros e as encostas. O morro é traço urbano marcante dessa contradição social que faz com que entendamos o Rio de Janeiro como uma cidade partida, tal como escreveu Zuenir Ventura.
Os muros estão aí, mais presentes do que nunca. Eles podem estar e certamente estão nas relações familiares ou sociais, na ausência do diálogo que torna impossível muitas vezes o consenso, está na indiferença humana com relação ao outro ou no Ensaio sobre a cegueira de Saramago onde as pessoas só voltaram a enxergar quando as pessoas se uniram para encontrar uma solução para toda aquela opressão que estavam vivendo. Definitivamente os muros que tomaram conta da arquitetura urbana é o indicio de nossa desconfiança, insegurança, medo. Hoje não basta apenas o muro, mas o arame farpado, a cerca elétrica, os pregos ou os cacos de vidro. De fato, ninguém é capaz de conceber a construção de uma casa sem os muros. Esse é um dado assombroso da ausência de liberdade de uma sociedade que se considera democrática.
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