Sobre a instalação das bases estadunidenses na Colômbia

Por Samuel de Jesus
Escrito no primeiro semestre de 2010
               A recente notícia de que a Colômbia pretende fechar acordo com os Estados Unidos que permitirá a instalação de três bases em seu território gera desconfianças desnecessárias na América do Sul. Embora seja uma decisão “soberana” do governo colombiano que pretende decidir sobre esse acordo sem consultar os países membros da UNASUL. O general Jim Jones responsável por esse acordo afirma que as bases não representam nenhum tipo de ameaça por se tratar de efetivo muito reduzido de 800 militares. Bogotá afirma que o objetivo é o de implementar um moderno esquema de cooperação militar no qual os Estados Unidos terão o controle, também afirma que não pretende executar missões fora do seu território. Pois bem, foi amplamente divulgado por todos os veículos de comunicação da América do Sul a violação da integridade da soberania do Equador pelas Forças Armadas Colombianas quando promoveram uma perseguição a Raúl Reyes, o número dois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em pleno território equatoriano. É costumeira a entrada tanto das Forças Armadas Colombianas, quanto das FARC na selva brasileira. Certamente os militares americanos assentados nas suas bases em Malambo, Palanquero e Apiay terão acesso as informações sobre a Amazônia Colombiana. O presidente Uribe afirmou que o acordo permitiria o acesso dos Estados Unidos à informações de inteligência, assim como vantagens na compra de armas e aviões.
               A Colômbia não pode afirmar que não há implicações geopolíticas na instalação das bases estadunidenses em seu território. Uma das diretrizes da UNASUL é a redução dos gastos com armas pelos países signatários. Para a Colômbia, aderir ao Conselho de Defesa Sul-Americano representa assumir compromissos que não condizem com os objetivos da Política Externa Colombiana? A Colômbia pretende ser satélite dos Estados Unidos na América do Sul? Recentemente parece um consenso o combate ao narcotráfico na América do Sul. No entanto é preciso esclarecer que esse tema faz parte da agenda da Política Externa Norte-Americana. Portanto essa agenda não é nossa. A consideração do narcotráfico como uma ameaça pelo governo brasileiro representa a incorporação de um item da Agenda Estadunidense a Política Externa Brasileira. A questão do narcotráfico não pode ser considerada uma questão de segurança internacional, mas seu combate requer um amplo leque de ações promovidas por organizações governamentais e não-governamentais tais como o investimento na área de saúde para tratar pacientes com dependência. No Brasil não existe um amplo programa governamental que assista os tóxico-dependentes. Geralmente apenas encontram ajuda em grupos e associações autônomas e filantrópicas. Os doentes e seus familiares não recebem assistência psicológica e social dos governos. O que há é a criminalização do uso e o combate policial e militar ao narcotráfico, mas por exemplo, nenhum governo se propõe a monitorar a compra e venda da matéria prima utilizada na produção de entorpecentes, por exemplo para comprar éter é preciso que o comprador preencha um cadastro e explique qual sua finalidade. A droga é uma argumento para a intervenção humanitária, econômica e politica dos Estados Unidos na América do Sul. Acabar com as drogas por fins que não sejam os militares é algo impensável, pois não gera lucro a ninguém.

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