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Mostrando postagens de 2010

O Mundo em 2022, o Ministério da Utopia e a industria de defesa brasileira

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                                                                   Por Samuel de Jesus Em julho de 2010 o geógrafo Demétrio Magnoli escreve no jornal O Estado de S. Paulo um artigo de opinião intitulado Ministério da Utopia onde faz criticas ao documento “O Mundo em 2022” elaborado supostamente por Samuel Pinheiro Guimarães da Secretaria de Assuntos Estratégicos - SAE. O mencionado documento faz uma análise sobre as tendências do sistema internacional até o ano 2022 e propõe ações estratégicas que o Estado brasileiro deverá tomar frente a essa conjuntura. Para Magnoli é a plataforma de uma utopia ultranacionalista, a ser aplicada num hipotético governo de Dilma Rousseff, que colide com os valores e as tradições da democracia brasileira. As opiniões de Demétrio Magnoli possuem alguns equívocos, pois não se t...

Sobre o Acordo de Cooperação em Defesa entre Brasil e Estados Unidos.

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                                                                             Por Samuel de Jesus Certamente o acordo de cooperação em Defesa e Segurança assinado entre Brasil e Estados Unidos faz pensar que é resultado da provável perda de concorrência dos Estados Unidos para França no caso da compra dos aviões-caças para Força Aérea Brasileira. A cogitação da escolha da empresa Dassault Rafale  representa a redução de influencia dos Estados Unidos frente ao Brasil, mas não só por esse fato, mas devido à recente aproximação entre Brasil e França, sobretudo é preciso lembrar que 2009 fora o ano da França no Brasil, diferentemente, não podemos, por exemplo, imaginar o ano dos Estados Unidos no Brasil, também é preciso dizer que não está descartada a inclusão da França nas discus...

Pelo fim da Lei de Anístia

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                   Por Samuel de Jesus Escrito em 2008                   A lei de anistia é parte de um acordão que visa livrar do expurgo golpistas e contra-golpistas. Parte componente de uma saída negociada com grande controle das elites. Aliás, mesmo os mais revolucionários, direta ou indiretamente, consentiram com as elites. Isto impossibilitou que a justiça fosse feita nas décadas posteriores, os contra-golpistas foram colocados no mesmo patamar que os golpistas e pior, esses colaboraram indiretamente para que prevalecesse a tese dos golpistas de que se tratava de uma "guerra interna". Consequência: arquivos guardados a sete chaves, liberados de acordo com as conveniências da caserna, militares subordinados à constituição (e não ao governo), torturadores e assassinos habitando normalmente o mundo d...

Sobre a instalação das bases estadunidenses na Colômbia

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Por Samuel de Jesus Escrito no primeiro semestre de 2010                A recente notícia de que a Colômbia pretende fechar acordo com os Estados Unidos que permitirá a instalação de três bases em seu território gera desconfianças desnecessárias na América do Sul. Embora seja uma decisão “soberana” do governo colombiano que pretende decidir sobre esse acordo sem consultar os países membros da UNASUL. O general Jim Jones responsável por esse acordo afirma que as bases não representam nenhum tipo de ameaça por se tratar de efetivo muito reduzido de 800 militares. Bogotá afirma que o objetivo é o de implementar um moderno esquema de cooperação militar no qual os Estados Unidos terão o controle, também afirma que não pretende executar missões fora do seu território. Pois bem, foi amplamente divulgado por todos os veículos de comunicação da América do Sul a violação da integridade da soberania do Equador pelas Forças ...

Brasil e a Integração Amazônica: sob a égide das confianças.

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Samuel de Jesus* Os civis possuem uma visão militar sobre a problemática amazônica. Essa visão, baseada em concepções de segurança e desenvolvimento, não dá conta dos problemas apresentados como o fim do desmatamento associado à pobreza da população amazônica, além de ser uma visão limitada e geradora de dificuldades. É preciso formular uma visão civil sobre a Amazônia, sobretudo torna-se necessário desvencilharmo-nos de concepções autoritárias de defesa da floresta combinadas ao assistencialismo militar, precisamos descriminalizar as ONGs e movimentos indígenas, pois eles fazem parte de um imenso movimento civil em defesa da floresta e ampliar a participação de institutos, universidades e de movimentos sociais em sua luta pelo acesso a terra. A criminalização de tais movimentos sedimenta ainda mais o viés autoritário com que é considerada tal problemática. Esse viés autoritário poderá semear desconfianças dos outros sete países amazônicos quanto às intenções do Brasil na região q...

Tempos Difíceis!

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Por Samuel de Jesus Escrito no primeiro semestre de 2007         O mundo parece que se recrudesceu nos anos 2000, em um movimento conservador, frustrando as esperanças de tempos de paz e conciliação. Era pra ser o início do fim da Era Atômica, mas não o foi, pois a periferia também passou a ter a sua bomba. A Rússia continuou a alimentar seu arsenal nuclear como um trunfo nas relações exteriores e internamente manteve-se um monólito político continuando a reprimir com violência toda e qualquer oposição.        Vimos o ódio racial explodindo na cidade perdida. No oriente a democracia foi imposta com mísseis, tal como o cristianismo foi imposto pelos espanhóis aos astecas no século XVI pela espada, uma nova Cruzada e a conseqüência transfigurado em mais destruição, horror e sangue, assim como vimos no, inacreditável, 11 de setembro de 2001. A democracia se transformou em um instrumento de conversão do Oriente e...

Obama, um insider.

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Por Samuel de Jesus Escrito no primeiro semestre de 2009 Um presidente negro não faria diferença se não reconduzisse as ações do estado norte americano ao ponto de inserir socialmente uma camada à margem do sonho americano. Poderia perfeitamente representar a manutenção do status quo. Algumas análises mais pragmáticas faziam lembrar que Sr. Barack era um insider, pois se formou em Harvard e se elegeu senador, muito embora seja alguém que se fez sozinho e não tenha origens na aristocracia. E quem estava com Obama? Uma classe política branca pertencente à Era Clinton. Durante a campanha surfou na insatisfação dos norte-americanos com os rumos tomados pelo governo Bush (2001-2009). Catalisou o voto daqueles ansiosos por uma visão mais expansiva do mundo e seus problemas. Era o candidato que melhor incorporou o discurso da mudança. Agora é preciso considerar que ganhar é uma coisa, governar outra. Os primeiros passos do presidente ainda eleito mostram uma continuidade da postura...

O hoje e os outros muros

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                   Por Samuel de Jesus Escrito no segundo semestre de 2009. Há poucas semanas comemorava-se a queda do muro de Berlim, mas é preciso refletir sobre os muros de hoje. Por exemplo, o grande muro que separa os israelenses dos palestinos, aproximadamente 800 quilômetros de extensão. Há os muros que separam o os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. Vejam por exemplo a fronteira entre México e Estados Unidos e tudo que envolve essa questão. Assemelha-se às “invasões bárbaras” dos povos da Europa do norte que adentravam o império romano, uma vez sob as ordens do Império mantinham sua cultura e este foi um dos fatores da queda do Império Romano do Ocidente. No caso norte-americano os povos latinos estão mudando a face da democracia americana, foram decisivos na eleição do presidente Barack Obama. Ilegais fazem trabalhos de todo tipo, principalmente aqueles que ninguém mais quer faz...

A Estratégia Nacional de Defesa: a sociedade militarizada.

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Esparta foi a grande Cidade-Estado da Grécia antiga cujo todos os esforços estavam voltados para a guerra. Na educação, as crianças a partir dos sete anos iam para a academia. Lá, apreendiam Educação Física e recebiam adestramento para a guerra. Toda a sociedade espartana se organizava em torno da guerra. A política, a sociedade, a economia e também na vida sexual. Os espartanos admiravam a virilidade masculina e se sentiam atraídos pela força. As mulheres seriam desprovidas desses “atributos”. Para os antigos, eram frágeis, importantes apenas para gerar os filhos de Esparta, os futuros guerreiros. Quando me debruço sobre a Estratégia Nacional de Defesa aprovado em 2009 automaticamente penso na organização social espartana voltada para a guerra. Este provavelmente é o sonho das forças armadas brasileiras. Introduzir o Ethos Militar sobre todos os póros sociais. Quartim de Moraes escreveu sobre a tutela militar vivida pela sociedade brasileira. Essa tese, já antiga, pressupõe...