O TERRORISMO VIRAL NA ERA DA INFORMAÇÃO.

        Samuel de Jesus - setembro de 2016


           A Guerra em Clausewitz torna-se um ato de força para obrigar nosso inimigo  a   fazer   a   nossa vontade  e   para   isto   recorre-se a   todos   os   meios necessários. Sobre esta premissa consideraremos a guerra cibernética que é possibilitada   pelos   avanços   tecnológicos   da   sociedade   contemporânea.   Os terroristas se  utilizam  também   das   ferramentas  tecnológicas  e   neste  caso, atualmente, podemos mencionar o chamado terrorismo viral. Esta modalidade consiste na utilização das redes sociais para  divulgação,  arregimentação e convocação de seus seguidores impelidos às ações terroristas. Desta maneira, o terrorismo e sua sofisticação tecnológica constituem-se em   um   novo   elemento   no   campo   de   observação   das   Ciências   Sociais e Políticas. Clausewitz considerou a guerra em seus três extremos. 
        Primeiro, o uso da força não possui qualquer limite definido. Segundo, o objetivo deve ser sempre vencer e desarmar completamente o inimigo. Terceiro, a guerra requer a utilização de todos os meios necessários. Desta maneira consideramos as teses clausewitizianas como um conceito ainda muito sofisticado, sobretudo em relação à guerra, pois  compreende   mudanças   estruturais,   conceituais,   históricas e instrumentais. Sua estruturação poderá sofrer mutações, por exemplo, hoje a guerra não mais se encontra  na esfera estatal. Segundo  Visacro (2009, p.18), isto ocorreu no período posterior à Revolução Francesa (1789). Menciona a vitória dos exércitos populares contra os exércitos semi  - profissionais dos monarcas absolutistas, sobretudo neste período a opinião pública que passou a ter importância crescente no curso das operações militares. Esta desvinculação da guerra ao aparato estatal se intensificou, após a Revolução Russa (1917). Segundo os pressupostos marxistas, a História se resumia à luta de classes, assim a guerra e a paz faziam parte de um processo histórico único e contínuo baseado na  luta de classes.
         Uma greve ou uma guerrilha passou a ser considerada como luta de classes. Estes são  os   primeiros   elementos   históricos   que   nos   permitem   perceber  quando, historicamente, a guerra moderna sai da esfera estatal que não mais detém o monopólio da violência. Passamos a observar grupos insurgentes que através de uma guerra não tradicional   ou irregular, obtém vitórias contra os exércitos profissionais. Incursões similares ocorrerão ao longo do século XX nas  revoluções   cubana   e   chinesa,   chamadas   de   guerras   de   guerrilha.(VISACRO, 2009) 
         Uma   nova   forma   de   guerra   irregular   ganharia   uma   dimensão desproporcional no século XX e início do século XXI, o terrorismo. No dia 21 de dezembro de 1988, o Boeing 747 da Pan Am, voo 103 que ia de Londres a Detroit nos EUA, explodiu na Escócia, em Lockerbie. 295 pessoas morreram,em sua maioria, estadunidenses. Este é, sem dúvida, um marco do terrorismo na atualidade, pois foi o primeiro de recorreu à explosão de aviões. (VISACRO,2009, P. 27). O terrorismo utiliza todos os meios necessários e sem limites definidos, por exemplo,  em 25 de julho de 1996, um caminhão carregado de explosivos atacou o  alojamento  da  esquadrilha  de   socorro   aéreo da Força  Aérea dos Estados Unidos  nas torres de Khobar, em Dhaaran, na Arábia Saudita. 19 soldados   morreram   e   quatrocentas   pessoas   ficaram   feridas.  Em   1993, quinhentos   quilos   de   explosivos   caseiros   foram   colocados   em   uma   van estacionada nas garagens do World Trade Center e sua explosão matou seis pessoas. O grande marco destas incursões terroristas, sem dúvida é o 11 de setembro de 2001. O terrorismo promovido por grupo de insurgentes com origem no Oriente Médio vem se sofisticando ao criar novas e mais eficientes formas de expandir suas   ações.   Nos   anos   2000   observamos   um  terrorismo   celular.   Esta modalidade tinha como característica a formação de pequenos grupos secretos em   ligação   direta   com   uma   cadeia   de   comando   situada   em   países   como Afeganistão. Recentemente esta configuração mudou para um terrorismo viral. Esta   modalidade   consiste   na   utilização   das   redes   sociais   para   transmitir mensagens de forma ampla. O twitter é a ferramenta mais utilizada. Pelas redes sociais é realizado o engajamento para as ações. 
         Isto é muito diferente do terrorismo celular, pois não mais existe um controle das ações pelos grupos terroristas. As ações passam a serem executas por simpatizantes. Este fato dificulta as investigações ou dificulta a previsibilidade dos ataques que agora poderão vir de qualquer lugar, e executado por qualquer pessoa, utilizando armas improváveis, por exemplo, um caminhão, assim como ocorreu em Paris em 2016. Já não são somente homens bomba que executam ações.Vivemos um período de grande revolução tecnológica promovida pela internet e isto confere uma existência virtual de governos, empresas e países, envolve movimentações financeiras e os mais variados tipos de transações on line, assim, os ataques virtuais tem poder de paralisar os sistemas ou de obter dados e todo o tipo de informação. A espionagem cibernética, como foi o caso do Brasil, em relação ao leilão do Campo de Libra do pré-sal. Foi comprovado a   espionagem   dos   Estados   Unidos   para   a   obtenção   de   informações privilegiadas para a aquisição de vantagens no leilão. Este fato possui relações com o extremo da guerra clausewitzianas quando é afirmado que o objetivo de vencer   e   desarmar   completamente   o   inimigo e   utilizando   todos   os   meios necessários e  sem  limites  definidos,  dito isto, a  dimensão da  força  na atualidade é, sem dúvida, a informação.

REFERÊNCIAS:

CLAUSEWITZ, Carl von. Da Guerra. - São Paulo: Martins Fontes, 1996. 

GOMES. Helton Somões. Estado Islâmico usa de WhatsApp a Twitter parapromover 'terrorismo viral'.In: G126.11.2015. Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/11/estado-islamico-usa-de-whatsapp-twitter-para-promover-terrorismo-viral.html Extraído em 15.10.2016

VISACRO.   A,  Guerra   irregular:   terrorismo,   guerrilha   e   movimentos   deresistência ao longo da História. - São Paulo, contexto, 2009.

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