Controvérsias sobre a publicação de Mein Kampf de Adolf Hitler



       Escrito por Samuel de Jesus junho de 2016

      Existe uma nova controvérsia sobre a publicação ou não do livro Minha Luta  - Mein Kampf (1925)Escrito por Adolf Hitler na prisão, após à primeira tentativa de tomada do poder na Alemanha, chamada de o Putsch de Munique (1923). Neste livro Hitler tece considerações e argumentações sobre a ideologia nazista. A questão central, hoje, é publicar ou não? A pergunta é pertinente ao considerarmos a escalada conservadora no mundo. Alguns exemplos podem ser mencionados como o aumento do poder político de setores de extrema direita na França. A candidata de extrema direita, Sra. Marine Le Pen obteve uma expressiva votação nas últimas eleições gerais, cerca de 30%. Na Austria o candidato ao governo central, Norbert Hoffer, também de extrema direita, obteve uma vitória em primeiro turno e perdeu no segundo turno por uma margem de 0,6%. Na Polônia a rejeição xenófoba aos imigrantes sírios e o Partido Justiça e Lei obteve 39% dos votos na última eleição parlamentar de 2015. Na América Latina, sobretudo no Brasil, posturas típicas do fascismo. Mencionamos as leis da mordaça nas escolas públicas, a atual lei antiterrorismo que inclui ações contra os movimentos sociais, sem contar os insultos e discursos de ódio do Deputado Jair Bolsonaro. Este político em pesquisas recentes possui 07% das intensões de voto para Presidente da República. Nas ruas setores autoritários pedem a volta dos militares que estiveram no poder entre 1964-1985. Este período foi marcado por perseguições, torturas mortes e desaparecimentos. Estes movimentos homenageiam torturadores do regime como o Sr. Brilhante Ustra. Nos Estados Unidos o candidato Donald Trump ameaça construir um muro entre Estados Unidos e México, assim como sua fala xenófoba em relação aos latinos americanos radicados nos Estados Unidos.
       Diante deste fatos muitos acham que não seria o momento adequado publicações do livro Minha Luta de Adolf Hitler. Considero a sua proibição uma censura. Como educador afirmo que deverá ser lido criticamente pela juventude nas aulas de História para que os alunos saibam identificar os sentimentos e falsas razões que conduzem o indivíduo ao autoritarismo. Lembro que sempre perguntei para meus alunos sobre sua publicação ou não? Na maioria dos casos a resposta é sempre sim. Porém é preciso que leiam este texto sempre com imensas ressalvas. Considero que a falta de conceituação do autoritarismo, sobretudo, a falta de leitura e conhecimento em História é que poderá levar muitos jovens a não discernirem entre o totalitarismo e a democracia. É preocupante o fato de não conseguirem perceber a linha tênue que leva aos espíritos extremos baseados na solução pela reação e ódio em busca de uma suposta justiça. A falência da educação brasileira também pode ser uma causa do ressurgimento destas correntes ideológicas extremistas.
         Este é o momento em que mais precisamos dos educadores sérios e que eduquem seus alunos para a democracia, para o pluralismo, para exercício de liberdade humanista e fraterna e não para o ódio. Existem inúmeros indícios semelhantes ao fascismo ou nazismo agora semelhantes aos surgidos nos anos 20, assim como a mentira, a violência, a intolerância, o discurso de ódio como um antídoto para uma solução social em uma época de crise. A propaganda nazista sempre elege uma ameaça e o combate a esta suposta ameaça justifica a violação aos direitos civis. O livro Minha Luta deve ser utilizado para demonstrar como não se pode pensar, sobretudo ao tipo de sociedade que poderá ser construída a partir dos sentimentos de ódio. 

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